sexta-feira, 29 de junho de 2007

Cotas aprovadas

Como era de se esperar, as cotas raciais e sociais na UFRGS foram aprovadas. Os movimentos pró-cotas, seguindo mais uma vez o veio democrático da esquerda, conseguiram que as cotas fossem silenciosamente enfiadas boca abaixo da Sociedade.

Agora, 30% das vagas de cada curso são destinadas a alunos de escola pública, sendo que 15% vão para os egressos em geral enquanto 15% vão para os egressos que se autodeclararem negros. Assim os negros pobres tem duas vezes a chance de um branco pobre de entrar na UFRGS. Esse favorecimento em favor dos afro-descendentes estimula qualquer mente mais crítica a aventar justificativas para tal. Eu não vou citar algumas das possíveis explicações para essa vantagem. Seria constrangedor.

Muito da lábia pró-cota foi depositada no argumento que na UFRGS há muitos poucos estudantes negros. E é verdade, os afro-brasileiros são realmente minorias nas salas de aula da Universidade Pública. No entanto, será que essa exclusão do negro no sistema educacional só se dá em ensino superior?

Tive o prazer de lecionar por dois anos no curso pré-vestibular CEUE - instituição voltado a preparar indivíduos provenientes das camadas mais pobres da sociedade para o difícil vestibular da UFRGS. Assim, para ingressar no cursinho, era necessário comprovar que a renda familiar era inferior a um certo nível estipulado. Após a triagem por critério de renda, era aplicada uma prova de múltipla escolha que tinha por objetivo aferir se o candidato tinha condições mínimas de conhecimento para acompanhar as aulas. O mais interessante, no entanto, é que, iniciado o ano letivo, era possível verificar que menos de 10% dos alunos do cursinho eram negros. A que conclusão podemos chegar a partir do fato que eu citei? Que o negro não é excluído do sistema educacional no Ensino Superior, mas muito antes. (...)

Cabe aqui notar, também, que, no censo do ano 2000, apenas 5% dos gaúchos se autodeclararam de cor negra. Como, então, justificar a cota de 15% das vagas de cada curso para negros? Seria mais justo se que o tamanho da cota fosse em torno de 5%. Sem querer bancar o cético - mas também não sou tão ingênuo - quero ver se só 5% dos inscritos no vestibular 2008 se autodeclararão negros!

O assunto é interminável e irritante. Vou parar por aqui. Espero contar com comentários a agregações dos pacientes leitores.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Pichações

Aposto com quem quiser um fardinho de latas de Bohemia que as pichações de cunho racista no Campus Central da UFRGS são obra da atual gestão do DCE e da militância pró-cotas.

Haja ingenuidade!

segunda-feira, 25 de junho de 2007

As cotas racistas e a direita

Podem me cobrar no final do ano, se eu estiver errado. Mas duvido que esteja. Anotem aí: uma chapa de direita xiita vai levar o DCE nas próximas eleições.

A criação de cotas na UFRGS, sobretudo as raciais, tem revelado a oposição de muitos estudantes sobre o assunto. Se pelo lado do debate político este é um acontecimento benéfico, na prática pode (e irá) representar a ruína para o DCE.

Com o crescente número de alunos demonstrando sua oposição às cotas, fica claro que uma parcela do corpo discente da faculdade não se encontra representado pelo órgão máximo da classe dentro da Universidade; qual é a tendência natural? Que não votem em nenhuma chapa que seja composta por alunos, partidos ou seja lá o que for pró-cotas. E quem são os pró-cotas, em sua maioria? Os militantes de esquerda. Assim, surgirá uma chapa de direita nazi-fascista no final do ano, composta por malucos que venderiam a mãe se lhes fosse oferecido algum dinheiro, que usará como mote o não às cotas. E, quando se depararem com o "não às cotas", a maioria dos estudantes contrários às cotas votarão nesta chapa apocalíptica - independentemente do resto do seu programa -, chutando o balde.

O DCE está, assim, sendo entregue de mão beijada a um grupo de malucos de extrema-direita.

Aliás, será que a maioria dos estudantes da UFRGS são favoráveis às cotas? Eu aposto que não. E o DCE sabe disso. Caso contrário, já teria exigido um plebiscito dentro da Universidade para legitimizar as cotas.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

MP3

Como eu não sei me comportar, minutos depois de ter escrito aquele post melancólico reclamando do acúmulo de trabalhos e provas típicos de final de semestre e anunciando nas entrelinhas um afastamento temporário do blog, cá estou de novo. Mas é por um assunto nobre, de utilidade pública, praticamente.

Há alguns dias que penso em escrever esse post, mas, na hora, sempre acabo me esquecendo.

Acho que todos já perceberam, nos últimos meses, o surgimento de blogs destinados a divulgar e disponibilizar, normalmente através de links para o Rapidshare, álbuns de música inteiros em formato MP3. Os estilos são dos mais variados. Eu, particularmente, freqüento dois blogs que divulgam CDs de MPB e música clássica. São eles:
  • P.Q.P. Bach. Como dá pra adivinhar pelo nome é dedicado à distribuição de MP3 de música erudita. As postagens vão de obras bastante conhecidas do público em geral - tipo Concertos Comunitários Zaffari ou propaganda de sabonete - àquelas que exigem um pouco mais de "dedicação" do ouvinte. Destaque para os textos que acompanham os links, sempre muito interessantes, assinalando aspectos importantes e curiosidades acerca das obras. Imperdível para quem gosta do gênero.
  • Um Que Tenha. É um blog voltado à MPB. De Anísio Silva à Vanessa da Mata, a maioria dos grandes expoentes da música popular nacional, seja da atualidade ou das antigueiras, encontra-se lá bem representada pelos seus álbuns mais marcantes. Vale a visita.

Prestando contas

Faz uns dias que eu não posto. Mas, não! não se preocupem: não desisti do blog. É que, na boa linguagem corrente do dia-a-dia, ultimamente tem sido foda achar tempo para dedicar a algo que não seja a faculdade. Não bastassem só as provas - e pra algumas cadeiras eu dependo praticamente de intervenção divina pra passar - ainda deixei acumular uma montanha de trabalhos. Tá certo que são trabalhos (dois ensaios e um resumo) sobre assuntos que eu gosto, mas isso não quer dizer que não me tomem um precioso tempo; sem contar que a obrigação de fazê-los torna a tarefa bem menos prazeirosa.

Espero, daqui a duas ou três semanas - quando bem ou mal tudo deve ter se findado -, voltar ao ritmo normal das postagens.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Em busca da noz moscada

Impressionante como tarefas a priori singelas podem assumir contornos assustadores.

Ontem fui ao Zaffari para comprar os ingredientes necessários para fazer spaguetti ao funghi. "Jogo rápido", pensei, uma vez que tinha tomado a precaução de fazer uma lista de compras antes. Nada disso! O Sr. Zaffari, desde que inventou de mudar tudo de posição no seu supermercado, tem me deixado de cabelo em pé.

Noz moscada é um tempero, certo? Então por que diabos ela não está junto com o cominho, com a pimenta, com a sálvia e com o louro?! Depois de perder mais de dez minutos diante da gôndola dos temperos, num embasbacamento atônito, me aproveitei de um funcionário que por ali passava para perguntar onde ficava a tal noz moscada em pó. Ele, com a maior naturalidade - como se fosse óbvio -, me indicou o corredor de trás. Agora me digam, por favor, o que a noz moscada faz junto do fermento, do leite de coco e das gelatinas?!

Cada vez estou mais convencido de que, para localizar qualquer coisa no Zaffari Lima e Silva, só com mapa.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Fim dos tempos

Vos digo honestamente - e duvido que exista alguém que comigo discorde: esta época do ano em especial - finaleira de semestre - é o calvário de todo estudante universitário.

Impressionante, o arcabouço criativo dos professores para bolar trabalhos inúteis e sem sentido parece ilimitado.

domingo, 10 de junho de 2007

Baliza em 9s30!

Se na vida real sou uma completa negação diante do volante, ao menos no computador tenho algum talento.

Achei um jogo em Flash cujo objetivo é estacionar um automóvel numa vaga de proporções bem exíguas no menor tempo possível. Depois de uns tempos bem vexatórios (como 3m50s) e muitos amassões, consegui uma verdadeira façanha: completei a baliza em 9s30, sem nenhuma batida!

Se alguém quiser tentar (cahan, cahan) bater o meu record, o jogo está disponível aqui.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Nihil Estudantil

Desde a Ditadura Militar, o movimento estudantil vem tristemente definhando por meio de suas próprias mãos. A adoção de posturas e atitudes completamente disassociadas dos nossos dias, torna-o cada vez menos atraente para os estudantes que, ano a ano, ingressam na Universidade.

As causas são muitas; e seria entediante citá-las uma a uma. Concentremo-nos então nas que, pela minha ótima, se avultam como as principais.

O Movimento Estudantil, político por natureza, tem se tornado, desde há muito, antro de partidos políticos e de ideologias salvadoras. Num contexto em que os Estados Unidos financiava o cerceamento à liberdade, a tortura e todo tipo de barbárie em nosso país, fazia bastante sentido recorrer ao outro lado da balança: o marxismo. Desde então, o fetiche por Marx tem declinado gradativamente em nossas rodas intelectuais e políticas sérias. Outros, no entanto, continuam se apegando aos seus preceitos arcaicos e de pouca contextualização à nossa realidade. Na verdade, não se apegam ao marxismo coisa nenhuma: se apegam àquilo que lhes venderam como sendo marxismo e, deslumbrados, acabam por comprar gato por lebre. A cooptação é menos estudantil e mais partidária. Há programas a serem seguidos que prevêem desde os pontos iniciais até como se organizará a sociedade pós-revolucionária na ditadura do proletariado. (Alguém conhece um proletário?) E o caráter estudantil do movimento? Se limita a causas singelas que servem mais para fazer propaganda de ideologia e partido do que para o fim que elas se destinam. A maioria dos estudantes, sensatos, fogem dessa lavagem cerebral, naturalmente.

A falta de foco das ações são outra grave falha, decorrente ainda da primeira. Um protesto pela mudança da privada de um banheiro tem que ser necessariamente acompanhado de críticas ao governo, ao FMI e às políticas neoliberais. Qual é a dificuldade de manter-se fiel a um objetivo e persegui-lo até o fim? Nenhuma. O problema é que a desonestidade da luta não se deixa suprimir tão facilmente. O objetivo do protesto é, antes de mais nada, reafirmar o "fora Bush, fora FMI", salientar o discurso. São ações metafísicas, não práticas. Indolentes. A cara do nosso movimento estudantil.

Os métodos empregados são ainda mais patéticos. Palavras de ordem, musicas-clichê (e o que não é clichê no movimento estudantil?), apitos, tambores, barulho, baderna. Pouco além disso. Falam em ações afirmativas. E as ações positivas, onde estão? Onde está a atitude e a realização? Ficam no discurso e mais nada.

Diante de um panorama desses, é normal que o estudante não se sinta atraído pelo movimento estudantil, pois não se sente representado por ele. Os ideais defendidos pelo movimento estudantil, não são os ideais dos estudantes, os problemas que o movimento estudantil combate, não são os problemas dos estudantes. O movimento estudantil não fala a língua do estudante, a língua da mudança, da verdadeira revolução, ele fala a língua dos partidos operários das fábricas estatais eslavas.

E há, sim, necessidade de um movimento estudantil forte, pois sempre existirão estudantes com anseios, opiniões e necessidades. O que se faz mistér é um exercício de auto-crítica das próprias organizações estudantis. Elas tem que fazer uma análise sobre a sua trajetória, sobre suas raízes, uma verdadeira regressão aos seus primórdios, pois só assim entenderá, honestamente, o tamanho do papel que lhe é conferido, que é muito maior do que o programa de qualquer partido político.

Bairrismo

Tá bom: eu admito que a minha opção por hospedar o blog no Blogspot deveu-se fortemente por agora o serviço contar com a grife Google.

Quem disse que não há modismo e fetiche consumista entre os nerds?

Criatividade estudantil

Foi só eu que senti uma certa dose de macaqueamento na recente tomada da reitoria da UFRGS?

terça-feira, 5 de junho de 2007

Como investir na bolsa. Lição I

NÃO COMPRE TULIPAS.

A historieta transcrita a seguir ocorreu na Holanda, em meados do Século XVI.

A Bolha das Tulipas iniciou-se com a sua importação da Turquia a partir dos finais dos Sec. XVI quando entretanto a flor foi atacada por um vírus que não a matou mas antes começou a produzir novos padrões, que variavam de Tulipa para Tulipa produzindo assim um artigo raro, procurado e apetecido.

Assim e talvez não muito surpreendentemente conhecendo a natureza dos mercados e a irracionalidade que pode atingir os investidores, a cotação das Tulipas começou a subir de tal forma que a dada altura havía investidores dispostos a desfazerem-se de todas as suas poupanças de uma vida ou mesmo dos seus terrenos e das suas casas para adquirir mais Tulipas quando não para adquirir uma única Tulipa, sempre no pressuposto de que a(s) venderíam mais tarde a um preço mais elevado. Num só mês chegaram a registar uma valorização de 20 vezes!

Em determinado momento os investidores mais prudentes começaram a desfazer-se do seu espólio provocando uma correcção no valor das Tulipas e não tardou surgiu o efeito de avalanche característico dos Crashes. O que começou por uma correcção mais do que justificada a tanta irracionalidade em torno de um produto de valor subjectivo mas cuja avaliação tinha atingido valores perfeitamente irracionais não tardou e transformou-se em pânico com os investidores a vender a qualquer preço aquilo que tinham comprado a peso de ouro, não que fossem movidos por uma repentina crise de racionalidade mas por puro e simples pânico.

Idade Média e Odontologia

Se mesmo depois do post sobre higiene na Idade Média restar em pé algum panaca reivindicando seu lugar na corte de algum rei malcheiroso ou na cama de alguma duquesa sifilítica, peço que considere a ilustração abaixo, do século XIV:


E você que reclamava do barulhinho da broca, hem?!

Megafone

Por causa do post de ontem, vieram me chamar de conservador hoje.

Tudo bem, o que escrevi ontem sobre o imbecil de megafone deve ser encarado como um desabafo, um rompante de fúria dirigido mais propriamente ao megafone do que ao asno - com todo o respeito aos animais - que o empunhava.

Quanto à taxa do vestibular, mandei um e-mail para a COPERSE - o órgão da UFRGS que tradicionalmente organiza o concurso - inquirindo quanto aos custos totais da última seleção.

Nada melhor do que fatos para descadeirar sandices e asneiras.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Consciência crítica estudantil

Ao cair da noite, na frente da Faculdade de Educação, havia um boçal segurando um megafone que, certamente inconsolável por não conseguir controlar o furor anal de sua progenitora, dava mostras de plena estupidez. Meio solitário, porque a esta altura o resto da esquerda festiva já devia ter ido encher a cara de cachaça no Mariu's, praguejava contra o custo da taxa de inscrição do vestibular: R$ 100,00.

Tá certo, não é dos preços mais baratos. Mas o sujeito aí parece esquecer que o processo seletivo, realmente, é caro de ser empreendido. Se ele convencesse os seus colegas a trabalharem de fiscais voluntariamente no vestibular, sem receber o polpudo "auxílio" com que são remunerados, a inscrição para o processo seletivo, certamente, sairia mais barata; ainda, se ele topasse que fosse extinto o auxílio àqueles que não podem pagar, obrigando com que a taxa de inscrição fosse única e universal, o valor desta certamente cairia também.

Mas, se ele não quer que nenhuma destas duas coisas aconteçam - e ele não quer! -, então ao menos que páre de protestar contra uma situação que ele mesmo acaba apoiando. Que desafogue os seus arroubos político-românticos na privada, não nos meus ouvidos.

George Gershwin

Era uma vez um menino muito muito pobre chamado George. Ele passou sua infância no Brooklin e era filho de imigrantes russos de origem judaica. Quando tornou-se adulto, ao invés de virar batedor de carteiras profissional ou membro da máfia, ele fez isso:

Link para a segunda parte.

Higiene ≠ Idade Média

Este fragmento - que eu, inescrupulosamente, roubei de um blog português - vai para todos aqueles idiotas que gostariam de ter vivido durante a Idade Média ou Moderna:
"Na Idade Média, não existiam escovas de dente, perfumes, desodorizantes, muito menos papel higiénico. As excrescências humanas eram despejadas pelas janelas do palácio.
Em dia de festa, a cozinha do palácio conseguia preparar banquete para 1.500 pessoas, sem a mínima higiene.
Vemos nos filmes de hoje as pessoas sendo abanadas. A explicação não está no calor, mas no mau cheiro que exalavam por debaixo das saias (que eram propositadamente feitas para conter o odor das partes íntimas, já que não havia higiene).
Também não havia o costume de se tomar banho devido ao frio e à quase inexistência de água encanada. O mau cheiro era dissipado pelo abanador. Só os nobres tinham lacaios para abaná-los, para dissipar o mau cheiro que o corpo e boca exalavam, e para espantar os insectos.
Quem já esteve em Versailles admirou os jardins enormes e belos que, na época, não eram só contemplados, mas 'usados' como vaso sanitário nas famosas baladas promovidas pela monarquia, porque não existia banheiro.
Na Idade Média, a maioria dos casamentos ocorria no mês de Junho (para eles, o início do verão).
A razão é simples: o primeiro banho do ano era tomado em Maio; assim, em Junho, o cheiro das pessoas ainda era tolerável. Entretanto, como alguns odores já começavam a incomodar, as noivas carregavam buquês de flores, junto ao corpo, para disfarçar o mau cheiro. Daí termos 'Maio' como o 'mês das noivas' e a explicação da origem do buquê de noiva."
Eu me acabava na bronha certo.
Parece até palhaçada, ultraje, tristeza, se não fosse real.

Lá vem o Pato (pataqui patacolá) com mais um dos seus blógues natimortos, sem linha temática consistente ou mesmo bem definida, e seus textos intimistas e obscuros.

Já viu, né?, vai ser de novo toda aquela coisa de semanas e meses sem postar e, a cabo do início da Primavera, o blógue já deve estar abandonado.

Por isso, é um canto que já nasceu sitiado. Numa queda de braço tão involuntária quanto tentadora, eu protelo as idéias, as vontades: toda a escrita. Porque a Lagoa está sitiada. E enquanto assim estiver, não há nada que possa fazer.

A Lagoa está cercada.

Não há o que se possa fazer.

A não ser esperar.

Porque o tempo é...