Todo grande homem deve amparar sua conduta e, por extensão, sua existência em alguma grande filosofia. Como eu sou um destes grandes homens busquei a minha. Insatisfeito com os delírios de Nietzsche, as brumas sartreanas, o senso de humor sofista, o rigor hegeliano e a falta de academicidade (ou demasiada heteroxia) do saber do morro, apelei para a minha jorrante criatividade e fundei minha própria e excepcional (no sentido de genial, não de freqüentador da APAE) escola de pensamento: O Resignacionismo (do francês, le resignacionism).
Em vantagem às fracas teorias já existentes, o resignacionismo ensina o indivíduo a lidar com as coincidências e surpresas do dia-a-dia: é a fundamentação teórica do blasé, do tédio, do desinteresse. Portanto, trata-se de uma filosofia mal-humorada, mas pródiga em charme.
Na prática, para aderir ao resignacionismo, poucos esforços são necessários, pois trata-se, simplificadamente, de aprender a se expressar de forma a destituir de excitação as grandes bizarrices do cotidiano.
É fácil. Quando aquele amigo lhe contar que viu um colega do jardim B de quem ele não tinha notícias havia vinte anos, no shopping, você ponderará, sem o menor interesse: "Afinal, ele tinha que estar em algum lugar"; quando aquela amiga lhe segredar horrorizada que viu o ex ficando com um canhão, a reação será idêntica: "Afinal, ele tinha de ficar com alguém"; ou se vierem com um "tu nem sabe o absurdo!, o fulano está com o cabelo verde, um horror!". Uma seca e moderada dose de resignacionismo será suficiente para amainar a empolgação do indignado interlocutor: "Afinal, ele tinha que ter o cabelo de alguma cor, não é mesmo?"
Em última análise, o resignacionismo é um método eficiente para se livrar daquelas conversas fofoqueiras e desinteressantes, que em nada contribuem para o aperfeiçoamento do espírito - pelo contrário.
Em vantagem às fracas teorias já existentes, o resignacionismo ensina o indivíduo a lidar com as coincidências e surpresas do dia-a-dia: é a fundamentação teórica do blasé, do tédio, do desinteresse. Portanto, trata-se de uma filosofia mal-humorada, mas pródiga em charme.
Na prática, para aderir ao resignacionismo, poucos esforços são necessários, pois trata-se, simplificadamente, de aprender a se expressar de forma a destituir de excitação as grandes bizarrices do cotidiano.
É fácil. Quando aquele amigo lhe contar que viu um colega do jardim B de quem ele não tinha notícias havia vinte anos, no shopping, você ponderará, sem o menor interesse: "Afinal, ele tinha que estar em algum lugar"; quando aquela amiga lhe segredar horrorizada que viu o ex ficando com um canhão, a reação será idêntica: "Afinal, ele tinha de ficar com alguém"; ou se vierem com um "tu nem sabe o absurdo!, o fulano está com o cabelo verde, um horror!". Uma seca e moderada dose de resignacionismo será suficiente para amainar a empolgação do indignado interlocutor: "Afinal, ele tinha que ter o cabelo de alguma cor, não é mesmo?"
Em última análise, o resignacionismo é um método eficiente para se livrar daquelas conversas fofoqueiras e desinteressantes, que em nada contribuem para o aperfeiçoamento do espírito - pelo contrário.