quarta-feira, 29 de abril de 2009

O Cachimbo do Saci

Agora a patrulha do politicamente correto extrapolou todos os limites. Não sei se é recente (se for old, deixa cair), mas vi há pouco, nuns blogs por aí, que a tendência é que, em nome do bem-estar das nossas criancinhas, o cachimbo do Saci-Pererê seja extinto gradualmente. O argumento é que o artefato usado pelo personagem do folclore brasileiro incute nos jovens leitores o hábito do fumo.

A estratégia do politicamente correto é a do remendão: quando não se sabe como lidar com determinada situação, proíbe-se. Afinal, é bem mais fácil esconder os cachimbos, cigarros, charutos, pipas de cachaça e barris de cerveja na literatura do que educar a horda de pivetes que se agiganta a cada dia.

Dos males, o menor. Pelo menos, o saci já é preto. Porque, se fosse branco, já ia ter por aí alguma associação ou movimento reinvindicando que o saci branco aflora no afro-descendente um sentimento de inferioridade diante do branco ou argumento clichê semelhante. Daí, além de tirar o cachimbo do rapaz, ainda teríamos que pintá-lo!

Sentimento de inferioridade não é problema racial, mas psicológico. Da mesma maneira que a cultura do fumo, da bebida, da malandragem, ou do que quer que seja, só se remedia com educação, e não com eufemismos baratos ou deturpações no nosso folclore.

domingo, 12 de abril de 2009

A Via Liberal

O último post gerou bastante polêmica, boa parte da qual deriva da minha incompetência: fui muito vago, de tal forma que, ao que escrevi, podem caber mil interpretações.

É hora de botar pingos no is, por assim dizer. Começarei pela idéia de Estado e como compreendo sua construção, concluindo com a elucidação da expressão "via liberal".

O Estado é invenção dos homens, dos indivíduos. Ele é posterior a eles e não anterior. Surgiu porque era cômodo ao Homem, que, coletivamente, poderia assim se defender - fosse das feras, das pragas, da fome - melhor do que individualmente. Portanto, o Estado é um facilitador, não uma divindade. As relações materiais entre os indivíduos se dão por meio de trocas - a divisão do trabalho. Quando os indivíduos acham que determinado serviço ou bem não deva ser produzido por alguma razão pelos agentes, pode-se fazer um acordo para que esse bem seja fornecido pelo Estado. Assim, o Estado teria a função de garantir que as trocas fossem feitas de forma voluntária, de garantir a segurança e a propriedade dos seus cidadãos e, de certa forma, intermediar a produção e circulação de certos bens.

Além disso, há coisas que os indivíduos costumam achar positivas para todo corpo da Sociedade: acesso à saúde, à alimentação e à educação, por exemplo. Ninguém nega que as pessoas devam ter oportunidades semelhantes. E a única maneira possível de garantir isso é através do Estado. Imputar ao Estado este papel não implica, no entanto, torná-lo um empreendedor. Falar em acesso universal à educação, à saúde e à alimentação não implica um estado dono de escolas, hospitais e fazendas; quer dizer somente que o Estado deve, de alguma forma, garantir acesso universal a esses elementos. Ora, se há vagas em escolas privadas, por que o governo deve empreender a construção de novas escolas públicas? Construir e, principalmente, manter prédios demanda tempo e recursos públicos - isso sem falar no corpo burocrático que precisa ser criado para administrar o estabelecimento. Não é mais simples e barato o Estado matricular os alunos mais pobres nas vagas ociosa já existentes no sistema privado de ensino? O mesmo argumento vale para acesso à saúde e outros serviços.

Em suma, por "Via Liberal" entendo o modo de gestão pública na qual o Estado ao invés de empreender serviços, protege o cidadão, garante o cumprimento dos contratos e financia o acesso dos mais necessitados aos serviços fundamentais (o ról de serviços assim considerados pode variar de sociedade para sociedade).

sábado, 11 de abril de 2009

Pato gatinho

Nada a ver com nada, mas vi esse pato, achei bonito, lembrei do Pato e tirei umas fotos.




É, nem todos os patos são feios. :P

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Fórum da Liberdade - considerações

O Fórum da Liberdade é, muito a grosso modo, uma espécie de Fórum Social Mundial da direita. Embora prefira o enfoque do primeiro, não dá para negar que boa parte das palestras do primeiro são mais para adular os ouvidos dos participantes, dizer o que eles querem ouvir. Pelo menos, no Fórum da Liberdade isso acontece apenas em boa parte das palestras e não na totalidade delas, como no evento da esquerda. Será que um grupo de empresários engravatados seria recebido de forma tão cordial no Fórum Social Mundial quanto o foi a delegação de uma entidade do movimento afro no Fórum da Liberdade?

Duas palestras me impressionaram especialmente. A exposição de Charles Murray - doutor em Ciência Política pelo MIT - sobre o impacto do estado de bem-estar social sobre as perspectivas e motivações do indivíduo foi, além de original, muito inspiradora; ver o Demétrio Magnoli solapar impiedosamente a existência de algo chamado "raça" foi impagável. Pretendo divulgar os vídeos com essas palestras aqui assim que estiverem no ar.

Foi a segunda vez que participei do evento e não me lembro se na outra edição me ocorreu a seguinte preocupação. O Liberalismo, ao contrário do que muito se diz por aí, não é o paradigma ideológico que privilegia os ricos em detrimento dos pobres. O liberal puro - não esse bando de parasitas que ficam mendigando favores do estado - crê na liberdade individual, de pensamento, de iniciativa como a ferramenta de transformação da sociedade. Ele não acredita que o indivíduo é uma decorrência do Estado, mas sim na existência deste último como tendo a finalidade fundamental de garantir a sua liberdade. Ou seja: o liberal recusa totalmente a tutela do Estado. Ninguém sabe melhor do que eu o que é melhor pra mim mesmo.

Sendo, então, o Liberalismo uma doutrina sem classe - tanto que é mais fácil achar um rico comunista do que um pobre comunista - ele deve considerar seriamente os problemas da sociedade. E a pobreza é um deles. Embora boa parte dela surja da má gestão que o Estado dá aos recursos públicos e que, portanto, poderia ser remediada com a aplicação de idéias liberais, não é possível nem desejável esperar que o Brasil se torne um estado liberal para extinguir este problema. E este, para mim, é o grande desafio dos liberais: mostrar para a sociedade que é possível exterminar a miséria pela via da liberdade, sem recorrer ao lento, ineficiente e corrupto estado.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Fórum da Liberdade

Hoje começa a XXII edição do Fórum da Liberdade. Embora os palestrantes não tenham me entusiasmado muito (sempre tem uns CEOs de empresas gringas e membros folclóricos da extrema direita gaudéria - ou seja, gente que não tem nada a me acrescentar), o tema é bem instigante: Cultura da Liberdade.

E o melhor é que eu consegui uma inscrição de cortesia. \o/