segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Feliz Ano-Novo?

Que me perdoem os leitores pelo clichê de recorrer ao Drummond, mas condenar um porto-provinciano-alegrense - tão apegado ao folclore - por cometer clichês chega a ser uma heresia.

Receita de ano novo

(Por Carlos Drummond de Andrade, copiado daqui.)


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)


Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

* * *

Meus votos de anos-novos todos os dias e de viradas a cada instante. :D

sábado, 22 de dezembro de 2007

Compras de Natal

Há umas semanas - quando eu estava desfrutando de alguns instantes de lazer na bolsa - resolvi antecipar as compras natalinas adquirindo todos os presentes pela Internet. Foi uma barbada. Em 15min eu tinha resolvido todos os presentes. Daí me dei conta que estava sem o cartão de crédito e - como eu não sei o número decor - foi impossível concretizar a transação. Acabei deixando o assunto de lado e optando pela via tradicional: os shoppings e lojas de verdade.

Como já era esperado, me arrependi profundamente. Hordas bárbaras, dificuldade de localizar itens, filas imensas. Eis o prêmio pela minha burrice.

Fica aqui um conselho: sempre que possível, façam compras pela Internet. A menos que você seja mulher e curta o caos de um shopping lotado. Pra quem prefere ficar de pijama em casa no ar-condicionado e tomando uma cerveja, fica a dica.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Houellebecq

O primeiro final-de-semana de férias da faculdade pode ser classificado, sem muita titubeação, de produtivo. Conclui a leitura do Plataforma, do Michel Houellebecq, e recomendo fortemente àqueles que não tem um estômago politicamente correto e não se sentem ofendidos com apologias ao turismo sexual.

(Para quem nunca teve contato com a sua obra, a temática desenvolvida nos seus romances é extremamente simples de ser situada: o papel-chave que o sexo desempenha na dinâmica social.)

O francês - que vive isolado num sítio no interior da Irlanda - não deixa passar nada incólume: naturalistas, idosos, vegetarianos, puristas, politicamente corretos, ocidente, oriente, consumo, islã. Nada se salva da mordacidade cáustica e seca de Michel.

Fortemente recomendado.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Blogs e séries temporais

Estava pensando ontem enquanto voltava para casa: será que algum desocupado já se prestou a pesquisar sobre quanto se posta em média em cada mês? Tenho a leve impressão de que o final de cada ano sempre chega acompanhado por quedas bruscas no número de postagens - uma tendência sazonal dos blogueiros a publicarem menos no mês em que o Papai Noel vai dar uma banda em seu trenó.

Final de semestre já é complicado por definição. Mas o final do primeiro não é nada se comparado com o final do segundo.

Mas chega de falar de coisas lógicas.