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quinta-feira, 4 de junho de 2009

Não sei porque ainda me espanto...

Há uns meses atrás, o DCE da UFRGS empreendeu (ou empreende?) uma ofensiva contra o fornecimento de copos descartáveis para suco no RU por razões ambientais. (Não vou julgar isso. Na verdade, detesto copos descartáveis. Ainda mais na hora de tomar cerveja).

O que me não chega a ser surpreendente, mais uma vez, é que a iniciativa bate na trave. Querer impedir que o RU sirva suco em copo descartável é uma causa muito nobre, mas não porque o copo é descartável - em primeiro lugar -, mas porque aquele suco certamente transcende qualquer noção de cancerígeno que qualquer um de nós tem.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

O Cachimbo do Saci

Agora a patrulha do politicamente correto extrapolou todos os limites. Não sei se é recente (se for old, deixa cair), mas vi há pouco, nuns blogs por aí, que a tendência é que, em nome do bem-estar das nossas criancinhas, o cachimbo do Saci-Pererê seja extinto gradualmente. O argumento é que o artefato usado pelo personagem do folclore brasileiro incute nos jovens leitores o hábito do fumo.

A estratégia do politicamente correto é a do remendão: quando não se sabe como lidar com determinada situação, proíbe-se. Afinal, é bem mais fácil esconder os cachimbos, cigarros, charutos, pipas de cachaça e barris de cerveja na literatura do que educar a horda de pivetes que se agiganta a cada dia.

Dos males, o menor. Pelo menos, o saci já é preto. Porque, se fosse branco, já ia ter por aí alguma associação ou movimento reinvindicando que o saci branco aflora no afro-descendente um sentimento de inferioridade diante do branco ou argumento clichê semelhante. Daí, além de tirar o cachimbo do rapaz, ainda teríamos que pintá-lo!

Sentimento de inferioridade não é problema racial, mas psicológico. Da mesma maneira que a cultura do fumo, da bebida, da malandragem, ou do que quer que seja, só se remedia com educação, e não com eufemismos baratos ou deturpações no nosso folclore.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Arbitrariedade

Tem muitos blogs por aí debochando daqueles que ficaram insatisfeitos com a reforma ortográfica. Nem pra melhor, nem pra pior, trata-se de um conjunto arbitrário de alterações sobre a forma de grafar em português, nada mais do que isso.

Como foi uma mudança feita na base do canetaço - sem que houvesse nenhuma demanda real por ela, ou mesmo uma diretriz norteadora teórica para o projeto - é natural que todos os elogios ou críticas que surjam a ela sejam também arbitrários.

Já li de tudo por aí, tanto a favor quanto contra. O que se constata é que, no fundo, todas as opiniões são baseadas no gosto individual de quem critica - uma forma bem subjetiva de se basear um argumento.

Num blog, dizem que o trema é o acento mais antipático da língua portuguesa. Eu, por exemplo, deixo esta posição para o til. Aliás, para mim, o trema era o sinal mais bacana da língua de Camões. Utilizar a antipatia do trema como argumento, pesa mais contra o seu autor do que contra o próprio acento - da mesma forma que se valer de lisonjas para defendê-lo.

Noutro blog, o autor conclamáva-nos à resignação diante da reforma com uma retórica do tipo: "Os brasileiros terão que mudar a grafia de menos de 1% de suas palavras, enquanto os portugueses terão que mudar 3%". Um argumento tão bom que me levou a considerar não trocar mais de carro, afinal eu tenho um Uno 92, enquanto o meu vizinho não tem automóvel algum. E os "argumentos" se seguem interminavelmente nesta tônica.

O que fica claro é que a reforma carece de fundamentação teórica, visto que não há elementos dentro da própria língua que advoguem a favor ou contra ela. Dela só saem perdendo os entusiastas do trema, do hífen e dos ditongos abertos acentuados. Aos demais, as batatas.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O espetáculo da democracia (?)

Há muito o voto deixou de ser um direito para se tornar um castigo.

Chegamos perto de mais uma eleição e são poucos aqueles que têm convicção em algum candidato. Ou se vota em fulano por ser o candidato menos pior, ou se vota em beltrano para tirar sicrano do segundo turno e eleger a Yoda.

Talvez eu apele mais uma vez para o voto nulo. Mas não seria por protesto, nem por qualquer outra razão melodramática. Não acredito no poder do voto. Não é através de eleições que o Brasil mudará.

Mas, posta de lado minha apatia, as eleições continuam sendo uma festa. E, como toda festa, tem música alta. Que fiz eu para merecer um carro-de-som da Maria do Rosário passando nos finais-de-semana de manhã perto de casa, impondo a barulheira acima do meu sono?! E assim é também com Manuela, Fogaça, Onyx... Quem esses sujeitos acham que são pra colocar suas pretensões eleitoreiras acima do bem-estar do eleitor?!

Não é de surpreender o descaso dos políticos com o país: se antes mesmo de eleitos já nos desrespeitam assim, imagine quando assumirem o cargo...

sábado, 26 de julho de 2008

Atari e conscientização

Campanhas governamentais de conscientização são notáveis tanto pela pieguice quanto pela ineficiência.

Já que é difícil abrir mão das técnicas apelativas de marketing e inviável conscientizar efetivamente os indivíduos sem introduzir farpas de bambu sob suas unhas limitar suas liberdades, ao menos o Governo podia ser criativo, como no vídeo abaixo:



Nos vídeos relacionados, há outras "propagandas" da série.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Colônia

Carlota, as filhas princesas e outras damas da corte tinham desembarcado com as cabeças raspadas ou cabelos curtos, protegidos por turbantes, devido à infestação de piolhos que havia assolado os navios durante a viagem. Tobias Monteiro conta que, ao ver as princesas assim cobertas, as mulheres do Rio de Janeiro tiveram uma reação surpreendente. Acharam que aquilo seria a última moda na Europa. Dentro de pouco tempo, quase todas elas passaram a cortar os cabelos e a usar turbantes para imitar as nobres portuguesas.

Pela excelente e divertida narrativa de Laurentino Gomes, em 1808, podemos perceber que, de duzentos anos para cá, ... (sintam-se à vontade para completar esse espaço com as idéias maldosas e cáusticas que devem estar transbordando de suas mentes neste momento, queridos leitores!)

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Politicamente correto

A onda do "politicamente correto" é um fenômeno que encontrou no Brasil uma boa porção de seguidores. A questão é: o brasileiro entende o espírito do politicamente correto ou ele só serve para suavizar a paisagem, enquanto o mundo lá fora desaba?

O resultado desse "afetamento" generalizado, que já passou por todos os setores e poderes da sociedade, é a cunhagem de termos absurdos e que, em alguns casos, parecem deboches maldosos. Minha avó morreu ano passado, aos 78 anos, após sofrer por meses as dores que o câncer lhe impunha. Ao vê-la definhando, em estado quase vegetativo, no leito do hospital, não podia deixar de pensar que o termo "melhor idade" só servia àquela situação como ironia. Da mesma forma, transformar qualquer forma de preconceito em crime é inútil, se medidas efetivas de apoio às minorias discriminadas não forem adotadas. Respeito não é tratamento, gentileza: é comida no prato, educação, moradia e trabalho.

Dignidade não se faz com palavras.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Passe Livre


E, afinal, quem não tem R$ 2,00 no bolso vai fazer o que na rua?

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Nivelando por baixo II

Que o Brasil é a república da nivelação por baixo, da valorização do coitado, do imbecil em detrimento do competente e capaz não é nenhuma novidade. Mas a velocidade com que certas atrocidades populistas vêm sendo cometidas nestes últimos meses tem me assustado bastante.

Primeiro foram as cotas racistas na UFRGS, o mensalão do ensino superior brasileiro: se a tua universidade adere, ganha um repasse maior. Agora essa ridícula unificação da língua portuguesa.

Li em alguns lugares gramáticos, intelectuais e escritores dizendo que, com essa reforma, a última flor do Lácio ficaria menos inculta, mais regular. Não é necessário se aprofundar muito em questões ortográficas para ver a enorme besteira contida nessa afirmação. Basta ver o caso da abolição da trema.

A trema serve, principalmente, para, indicar quando as consoantes G e Q - ao serem seguidas pela vogal U - são duras (fortes) ou fracas. Se ela aparece, U deve ser pronunciado, tornando a consoante antecedente fraca. Se ela não aparece, o U deve ser mudo e a consoante deve ser dura. No primeiro caso, temos palavras como lingüiça, na qual o U deve ser pronunciado; no segundo, temos conquista, na qual o U é mudo e o Q é pronunciado forte, com a sonoridade de K.

Ao riscarmos a trema dos nossos acentos, ficará impossível distinguir a ocorrência ou não de G e Q fracos ou fortes. Em outras palavras, pronunciar corretamente uma palavra através de sua leitura, dependerá de conhecimento prévio de sua fonética. Como teríamos certeza de que lingüiça se pronuncia como lingüiça e não linguiça se nunca tivéssemos ouvido essa palavra antes? Com a trema, jamais teríamos tal dúvida! Sem a trema, a dúvida aparece, pois sempre haveria duas pronuncias possíveis: com o U aparente ou com ele mudo. Assim, a queda do trema gera a irregularidade.

Mais uma vez, o país retrocede e faz o contrário. Premia a vagabundagem, o desleixo e tripudia em quem leva as regras a sério e se esforça - este está fadado a ser o eterno CDF caricato, motivo de chacota pela turma da escola. Ao invés de melhorar o ensino básico, facilita o ingresso no superior. Ao invés de melhorar o ensino da língua portuguesa nas escolas, a simplifica.

Nestas horas eu penso no pobre que sempre foi aluno esforçado e, apesar das adversidades que a condição social lhe impôs, conseguiu êxito e alcançou uma vaga na Universidade pública. Graças a esse governo de merda, populista e bem intencionado, o sujeito do meu exemplo vai se foder a vida inteira, carregando a aura do deitado, do sem-vergonha, do vagabundo, por ter sido justamente o contrário! À cretinice tudo, ao mérito nada!

Vergonha nacional é pouco!