sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Politicamente correto

A onda do "politicamente correto" é um fenômeno que encontrou no Brasil uma boa porção de seguidores. A questão é: o brasileiro entende o espírito do politicamente correto ou ele só serve para suavizar a paisagem, enquanto o mundo lá fora desaba?

O resultado desse "afetamento" generalizado, que já passou por todos os setores e poderes da sociedade, é a cunhagem de termos absurdos e que, em alguns casos, parecem deboches maldosos. Minha avó morreu ano passado, aos 78 anos, após sofrer por meses as dores que o câncer lhe impunha. Ao vê-la definhando, em estado quase vegetativo, no leito do hospital, não podia deixar de pensar que o termo "melhor idade" só servia àquela situação como ironia. Da mesma forma, transformar qualquer forma de preconceito em crime é inútil, se medidas efetivas de apoio às minorias discriminadas não forem adotadas. Respeito não é tratamento, gentileza: é comida no prato, educação, moradia e trabalho.

Dignidade não se faz com palavras.

2 comentários:

Anônimo disse...

Algo que eu odeio é quando chamam cegos de deficientes visuais. Deficiente visual sou eu, que tenho astigmatismo. Cego é cego.

Ricardo Agostini Martini disse...

Ser politicamente correto é interessante sob o ponto de vista de comportamento em debates, no sentido de dar ouvidos às opiniões alheias, não defender argumentos utilizando a violência verbal e a teoria da conspiração, e ter a mente aberta para mudar seus próprios pensamentos.

Agora, essa onda de criação de neologismos (ou tucanagem, na linguagem de José Simão), e pura frescura!