terça-feira, 20 de novembro de 2007

SUS. Capítulo I.

O cidadão das classes média e alta tem uma idéia do que é a saúde pública no Brasil, mesmo nunca utilizando seus préstimos; no entanto o caos em que esta se encontra passa, com certeza, longe da sua compreensão. Para entender alguma situação é necessário vivenciá-la, senão as conclusões tiradas se restringem a meras abstrações amparadas em mitos. Para compreender de fato é necessário sentir na pele.

No meu caso, a lição do "caos do SUS" passou da teoria para a prática na última quarta-feira, quando, ao me levantar, não consegui encostar o pé esquerdo no chão. Uma dor feroz, uma queimação medonha tomava o peito dele. Era estranho porque eu não havia chutado nenhum pé de mesa, armário ou que quer que fosse, tampouco havia jogado bola nos últimos dias. Mas não sentia nada quebrado. Era uma dor diferente, algo rasgando. Como uma tendinite. Achei bizarra a idéia de ter tendinite nos pés e, após descer de bunda a escada, embarquei num taxi até a clínica Santo Antônio para encarar o calvário da saúde pública.

Chegando lá, estava apinhado de gente. As pessoas se empoleiravam nos bancos de churrasco que atravessavam a sala de espera em todas as direções, sem falar nas duas salinhas contíguas a esta, igualmente cheias. Peguei a minha ficha e fui sentar. Após uns 15 minutos, a atendente chamou meu número e fez a minha ficha. Sentei novamente e não levantei tão cedo. O atendimento era dividido por grupos, que demoravam por volta de 45 minutos a uma hora nas dependências da clínica propriamente dita. E nesse período largo de espera, mais e mais pessoas iam chegando e se alocando onde fosse possível. Todas com cara de bunda, mal-humoradas. Na verdade era pouco para aquela situação; elas deveriam estar furiosas por perderem o seu tempo de forma tão tediosa e inútil. Uma crueldade - ainda mais para quem tem emprego, filhos pra cuidar, uma casa para manter (o que, felizmente, não era o meu caso). Pena eu não ter trazido o Plataforma. A demora teria sido bem menos penosa.

A porta se abriu novamente e me chamaram. Pulei num pé só até as entranhas da clínica e me acomodei resignado em uma cadeira, preparado para mais alguma espera.

(Não perca o próximo episódio do drama real de um pequeno burguês filhinho de papai que se meteu com a turminha do SUS e agora terá de encarar confusões tamanho família! Na próxima segunda, após mais um capítulo inédito de Vale a Pena Ver de Novo.)

2 comentários:

Débora disse...

Quero o próximo capítulo logooo!! :|
;@@

@nanafrozi disse...

hihihi...muito boa essa Pato...me identifiquei com a vez q tive a feliz idéia de ir no hps pq torci o tornozelo com um salto...o agravante é q que lá é por ordem de gravidade, cheguei as 14h saí as 19h....hehehheheh...só fui pq nao consegui caminhar mesmo...:p
Bjs!